quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Jogo de cachorro grande

Sócrates G. P. B. Santana
No salão verde, o cerimonial organizava a feijoada do governo. Ao longe, o ministro do estado maior assistia atarantado os socialites beliscarem petiscos exóticos, enquanto aguardava uma ligação auspiciosa. Do outro lado da linha um jornalista ouvia a denúncia e apontava para o editor como quem diz "parem as máquinas, tenho um furo". No gabinete ao lado, o deputado Fulano de Tal acabará de receber um comunicado oficial do congresso nacional, que fechara um acordo para torná-lo o novo ministro do estado maior. O decreto de posse havia sido encaminhado para o diário oficial, que publicou no dia anterior na primeira página a última mudança no escalão de cima do governo. Na sinaleira, o menino do jornal anunciava "Feijoada derrubou o governo: novo ministro tem infecção ministerial no dia da posse. Após almoçar com congressistas, deputado Fulano de Tal é escolhido para assumir o ministério do estado maior, mas, antecessor aciona Polícia Federal e entrega dossiê sobre atividades ilícitas ligadas ao jogo do bicho do sucessor". Segundo a reportagem, o delator teria dito antes de entregar o dossiê: "Se não fico, ele também não".

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Liquefeito

Sócrates Santana
O casal se enrolou no último Carnaval. Aos pés do poeta deitaram e dormiram. Além de acordarem sem saberem o nome do outro também esqueceram a camisinha. Nada de aids nem sífilis. Uma gravidez indesejada. Ela voltou para São Paulo e dele não se sabe o paradeiro. Nove meses se foram rápido. Ela voltou para Salvador, encontrou o rapaz e entregou a criança. “Não tenho como criá-la”, explicou. Ele retornou para casa e pagou o aluguel adiantado. Comprou um berço e uma passagem para São Paulo. Saiu para o trabalho e deixou o fogão ligado. O gás liquefeito se espalhou pelo apartamento e asfixiou o bebê. “Encomenda para Cecília?”, avisou o carteiro. Abriu a carta e leu a mensagem. “Preferia o aborto”.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mulher do mar

Mari Almeida
Sou mulher que gosta de mar. Vejo ondas entre os carros que entopem a avenida 23 de maio. Ora é manhã, e o sol bate brilhando na maré cheia. Ora é noite, e a lua prateia meu mar de concreto. Penso em mar quando percebo, nos olhos verdes de quem passa, um tiquinho de emoção umedecida. Cheiro da areia, da maresia, do vento salgado... toda vez que essa saudade bate - não ria! - passo protetor solar, só pra lembrar. Sou mulher que gosta de mar. Penso no entardecer baixando no horizonte calmo e cristalino olhando o lago do parque, para me transportar no meu barco imaginário - total flex e popular - aos beira-mares por onde já passei, molhei os pés e fiquei a imaginar aonde acabaria todo aquele infinito. Mas o mar está longe, vai e vem só na lembrança, nas fotos que guardo em álbuns dentro de um armário. Ainda serei mulher do mar, a enterrar minha raiz na areia branca, a mergulhar minha alma nas ondas calmas, a chorar minhas perdas nas grandes ressacas e a deixar partir a nau sem rumo que foi a minha vida até aqui, longe do mar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Metamorfose

Alexandre Acampora
Meu Deus! Estava remexendo alfarrábios na estante quando, sobre a capa de um livro abstruso, muito pouco visitado, me deparei com coisa tri-gosmenta, ectoplasmática, metamorfética. Era algo que a um lado parecia o casco pálido de uma joaninha, a outro quadrante se assemelhava a uma larva molhada de um alevino. Ao sul, era possível inteligir a carcaça de um inseto morto vivo ou redivivo. O algo se movia. Aquilo, através de um processo físico-químico assexuado estaria se transmutando em algo outro com resultados, por mim, desconhecidos. Era tão horrível quanto aqueles seres cósmicos e viscosos dos filmes americanos, só que em escala microscópica.

A entomologia por certo descreve com detalhes frios e classificações traduzidas ao latim esses fenômenos, mas para um observador casual, é uma cena Dantesca. De quantas a natureza é capaz! Pousar ali, na capa do livro adormecido na estante aquele troço. Que me livrem os entomologistas, tantos existem os lugares naturais, ecológicos, para que o processamento metamórfico, metamorfético desses seres seja desenvolvido fora do testemunho de seres humanos.

Ah! Toda paixão pela natureza desabará com a visão da coisa.

Uma amiga de tempos passados traduzia em todo tipo de fenômeno exótico, um sinal dos tempos. Sua memória fantasmática me sobreveio. Val, Valdirene, era quase uma bruxa ou quase um duende. Observava os detalhes microscópicos do movimento dos insetos em sua casa e descobria seus hábitos e habitações. Dizia compreendê-los por telepatia e dali extraía profecias, presságios, prognósticos. As especulações a respeito da legitimidade de seus conhecimentos deixaram Ipanema perplexa nos anos 80. Essa assombração hippie tomou meu espírito naquele instante e me lancei num oceano de indagações interpretativas. Por que ali? Na certa pelo papel. A textura, a porosidade e o olor do papel lembram folhas. Afinal papel já foi folha, tronco, árvore, semente. Então é isso! Insetos necessitam de uma textura vegetal para realizar essas mutações. Não! Mas que besteira! Eu deveria buscar o conceito, o sentido, o senso humano presente nas coisas. O signo.

É claro que foi o acaso. Circunstâncias incidentais favoreciam a desova. Mas na minha casa? Sobre meu livro? Haveria um sinal, uma comunicação do universo naquilo... O cosmos advertia por uma estante com poeira, fungos, umidade e imobilismo. Os livros, em sua disposição vertical, formataram o padrão de um microecosistema. Um bioma próprio para a procriação de lagartixas e seres gosmentos mutantes. Eu estava lendo menos que o necessário. Deveria ter me debruçado sobre aquele livro e tragado suas hipóteses. Era um preguiçoso merecedor de uma trama do cosmos.

O deserto de respostas definitivas para nomear o fenômeno me trouxe o ódio selvagem daqueles que desejam destruir o que não compreendem ou não conseguem explicar. O esquisito os ameaça. O arsenal de meu exército de truques para a defesa doméstica incluía álcool, sabão em pó, desinfetantes, água sanitária, detergente e, a arma drástica, o fogo. Fósforos e isqueiros. Tiranizado pela ignorância, vou queimar o livro para me livrar da dúvida. Neo Nero da cultura vou destruir um representante do patrimônio intelectual da humanidade por considerá-lo maculado. Inutilizado pelo trânsito da reencarnação biológica de uma espécie de inseto. De uma coisa viscosa que três aparências demonstra, e todas, e cada uma per si, descrevem uma tromboscose de formas. Tomo uma caixa de fósforos, uma lata de bom tamanho e a garrafa de álcool. Estou pronto para a execução pirotécnica do desconhecido. Pronto para esculhambar o inusitado, pousado em antigo livro. O fantasma de Val atiçou ainda mais meus instintos perversos. Era o livro das Tragédias de Shakespeare. Caso houvesse escolhido um Kafka, poderia ter lido no evento, uma identidade sincrônica, semelhante e bingo! Interpretaria um presságio positivo, de longa e intensa felicidade. Mas o livro das Tragédias de Shakespeare era a assinatura da fatalidade.

Antes de dar curso ao ritual, um lampejo de consciência social me detém. Devo aguardar a família. Aguardar as pessoas, os outros. Eles saberiam ponderar a mais sábia decisão.

Temia agora pelo tempo. O intervalo entre minha descoberta e a chegada dos outros. Quanto tempo duraria a metamoscose? O quê poderia em tripla dimensão ser tão tri-horrível? Tão tri-inexplicável? Um casco pálido de joaninha, uma gosma de carcaça de mosca e a larva de um alevino num único ser. Talvez aquilo significasse a intervenção de um organismo sobre outro. Um inseto colocara uma larva reprodutiva no corpo de outro inseto e agora se transmutava numa estrutura híbrida.

Estou preocupado. É noite. Ninguém chega.

É verdade que cuidamos de cães, gatos, plantas, pássaros. Mas cuidar do crescimento leguminoso dessa coisa, desse algo que afeto algum poderá oferecer, antes angústia. Que prazer qualquer poderá realizar, antes repulsa. Que gesto amigável demonstrará? Exibe seu não ser impenetrável, impérvio e repelente. E se move, palpita como um fígado extirpado de um carneiro. Uma gosma que parece respirar.

Graças! A chegada da família define uma decisão que envolve pano de limpeza e detergente. Pronto! Num segundo apenas a angústia que me tornara fraco e tirano se precipita para o lixo. O livro, agora de capa reluzente, repousa contente com as palavras e histórias vibrantes que protege e transmite.

A família delibera que a estante passará por faxina e não restará nesga de fungo ou umidade que permita o pouso do inexplicado. Será?

Herança

Mayrant Gallo
Minha mãe sempre dizia que era para eu ter nascido catorze anos antes. Em 1948, portanto. Bem no pós-Guerra. Mas qual seria a diferença, se assim fosse? Acho que nenhuma. Eu seria hoje mais velho, mais experiente e, sem dúvida, mais amargo. Mas talvez nem tivesse me tornado escritor, talvez nem gostasse das palavras, dos livros. Preferisse carros, pôquer, corridas de cavalo, jardinagem. Sou filho de um contexto, dono de uma herança: gasto o que me formou, o que os dias me deram. Esses dias, iniciados em 1962 e que alguma coisa, num momento qualquer deste ou dos próximos anos, haverá de interromper.

Jangada impossível

Sócrates Santana
Uma jangada em cima da cama. Lençóis desenhavam a embarcação imaginária. Os meninos paraplégicos usavam as muletas de mastro e as camisas de vela. Na cabeça de cada um panelas eram chapéus de marinheiro e os óculos de mergulho o tapa olho do capitão. Diante do horizonte nostálgico da Baía de Todos, os meninos estilhaçaram a lâmpada acesa. Da colisão de átomos e sonhos foram empurrados por um mar de luz, que elevou a jangada imaginária até o desconhecido reino do impossível.

SEMEADURA (da série Paravaniando)

Raiça Bomfim
Eu morria de matar aula pra espiar aquela cena:
minha irmã se espalhando sobre a terra,
desabotoada e fresca, quando a tarde caía.
No céu, não sei se todo mundo via, mas lá também
dormia um homem, coberto de azul.
Mal se punham frente a frente, libertados pelo sono,
que o orvalho escorria.
Os pássaros chegavam em minha irmã, beijavam
seus poros e abriam vôo com o bico farto
de seus vapores. Era daí que a quentura da mana
encontrava o refrescamento do moço, bem no centro,
na barriga do terra-céu... E explodia um toró.
Pouco tempo depois, as mesas estavam fartas
de cajus e bananas.
E as gentes se empanturravam, felizes, de amor.

Parafuso

Sócrates Santana

O menino trocou as bolas. Passou horas afinco tentando desmontar o boneco de barro que o pai lhe deu a noite para lhe explicar o sentido da loucura. Com uma das mãos no queixo imaginava em voz alta, Cadê o parafuso. Resolveu resolver o problema. Disse para a mãe, Vou para a escola, A mãe disse, Não vai, Vou, Não vai, Vou, Não vai. Saiu porta afora sem dizer tchau. Avistou os amigos empinando pipa e temperando a arraia. Lá vai o maluquinho, teriam gritado se não tivessem visto antes o boneco de barro nas mãos do garoto. Foram atrás dele em procissão. Deixa vê, Não deixo, Deixa vai, Não, só na escola. E seguiram até a escola. A mãe, coitada, estava preocupada, Esse menino tá com um parafuso a menos, ir para a escola no feriado. Vou ligar para a diretora, Alô, Quem fala, É a mãe de um aluno, Qual aluno, O pequenininho de óculos, Sim, sei, diga senhora, Pois é, estou inculcada diretora, Cá também estou minha senhora, Mas, porquê a diretora diz isso, afinal já sabe do ocorrido, Não, não, mas pergunto o motivo da senhora ligar para a diretora no final de semana, Mas, é o seu trabalho, ou não é, Alto lá, trabalho dia e noite naquela escola, mas, somente de segunda à sexta, alto lá, Pois bem diretora, a senhora já respondeu a minha pergunta, passar bem. Bateu o telefone e a diretora ficou do outro lado com cara de tacho. A mãe do garoto pegou a bolsa e saiu após deixar recado para o marido. A diretora não deixou por menos, O que será que essa senhora queria comigo, Esqueceu do bolo que estava no forno e levantou as estribeiras até a escola. O pai do garoto voltou da corrida matinal e encontrou o recado na geladeira depois de tomar um gole na boca da garrafa, hábito que a esposa detestava, mas que se tornou um vício de infância. Minha nossa, o que aconteceu, vou atrás deles. Na porta da escola a mãe do garoto e a diretora olhavam uma multidão de meninos marcharem na rua numa espécie de protesto. Afinal de contas, o que está acontecendo, voltem para casa crianças. Tá aqui diretora, o boneco de barro, ele não tem parafuso. Parece que você também não tem não é garoto, Olha como fala com meu filho diretora, disse a mãe revoltada com a resposta dada ao filho e completou, Deve ter acontecido algo nesta espelunca de escola, bem que o meu marido me disse. Mas, é isso mesmo mamãe, eu não só não tenho um parafuso a menos, como não tenho nenhum parafuso. Como é que você fala uma coisa dessas garoto, me desfazendo na frente dos outros, Pelo jeito a senhora não ensinou bons modos para o seu filho senhora, Pelo contrário, pelo jeito essa escola vem perturbando a cabeça do meu menino, isso sim, Pelo nervosismo da senhora, percebo que é um traço de família, Parem com essa discussão, estou dizendo que não tenho parafusos, não sou uma máquina e esse boneco de barro é a prova disso. Ohh ecoaram os meninos atrás do garoto de óculos. Como assim, perguntaram as duas mulheres, Chega de e-mail, televisão, microondas, controle remoto, computador, câmara fotográfica, videogame, despertador, todos eles são feitos de parafusos e quebram toda hora por falta de parafuso, Sim, sim, prossiga, Pois bem, esse boneco é diferente, ele é único, ele é de barro e não pode ser consertado, no máximo remodelado, adaptado, assim como nós. E daí, teria dito a diretora enquanto a mãe ouviu absorta aquela história toda, E daí que eu quero aprender a fazer coisas como essa, única, igual ao meu pai. Ao longe o pai avistava a briga em torno do boneco, Minha mulher vai me matar. Portanto, diretora, de ensinar a lidarmos com os veículos de informação de massa, fast food, e filmes roliodianos, Minha senhora, seu filho tem quantos anos, Acho que meu filho tem um parafuso a mais diretora.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Provação

Sócrates Santana
O inverno é como verão neste lado do mundo. As folhas não caem e as pessoas apenas oram. Ouviram falar, um dia, não se sabe quando, sobre um tal Água, que deus a tenha, e lhe guarde uma boa morte, amém. O hábito de orar alimentou por décadas um povo que ainda guarda na língua cativa a palavra água. Vivem, não se sabe como, de ouvir falar. Acreditam na água, não se sabe por quê, de ouvir falar. É como se fosse uma lenda, uma profecia ou um conto de Borges. No vilarejo seco, de chão teso, padre louco e povo mouco, a água não é benta, mas é santificada pela crença dela existir. Os velhos falam às crianças na praça sobre a promessa de outros homens vestidos de paletó, que discursavam sobre alegóricos palanques de uma terra prometida, entre o sul e o norte, e um sertão que viraria mar e um mar que virou sertão e permaneceu sertão até hoje. A gota d´água não caiu do céu, nem brotou da terra. Também não passou carro-pipa. Uma página bastou. O livro se abriu, o poeta escreveu e a água existiu. A provação acabou.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A palavra do dia 30 de outubro foi Boleto

Cristina



Era amor demais.

Era carinho, era bilhete,

era poesia,

era comida que eu gostava,

bebida que eu queria,

telefonema na hora certa,

palavra de cada momento.

Era beijinho daquele assim,

era tudo só pra mim.

Era sim.

Cheguei a pensar que Deus tava vendo,

que eu tinha feito coisa pra merecer,

com tão pouco que eu dava em troca...

E não é então,

pensei,

que isso existia?

Era não!

Um dia chegou o carteiro,

boleto, na mão.

Não entendi...

Telefonei.

Mandou nota fiscal.

Cobro tudo o que te dei!

Não acreditei!

Deixo meu nome sujo

Da policia eu até fujo

Mas pagar eu não paguei!

.................................................................



(cont.)



Mari



— Queria fazer um pedido...

— Fala!

— Posso pagar minhas dívidas com um boleto?

— Depende. Que dívidas?

— Essas mais cabeludas, de pisar na bola, ser injusto, magoar, não cuidar do outro...

— Hum... pode, não.

— Por quê?

— Porque se for assim, você vem aqui, quita e o máximo que sente é menos grana na conta.

— Mas já não tá bom?

— Não... não tá. Você acaba fazendo tudo de novo porque sabe que, depois, chega outro boleto.

E não aprende, não se esforça, não se preocupa nem se entristece por não ter ficado atento pra que essas coisas não aconteçam.

— Sei... entendi.... mas que seria mais fácil, seria.

— Fácil pra quem? Pra você ou pra quem você magoou?

— Ah....

— Melhor esquecer e ficar esperto. Porque essas contas sempre vêm. Elas vêm, sim, mas sem boleto.

— Então, vou indo, já que aqui não terá jeito.

— Boa sorte, amigo... Próximo!!!

Meus meios-domingos

Mayrant Gallo
Fui filho de um pai com duas famílias.
Raros eram os domingos em que meu pai não viajava, no começo da tarde, para ver sua outra mulher e sua filha, minha meia-irmã Indaiá que só vim a conhecer já adulto.
Por isso as partidas me fazem mal. Um trem se afastando na tarde ou um ônibus sumindo na curva, um navio ao longe ou um avião alçando vôo me trazem água aos olhos...
Por isso também os domingos me são tristes depois do meio-dia. Ainda que seja o meu dia preferido. Ou mesmo por isso: a emoção que senti insiste em ser repetida ou tão-somente relembrada − e isso dói.
É quase certo que ninguém jamais escapa do que foi. E eu fui um menino sem pai por muitos meios-domingos...

Iluminação

Soul Sócrates
Uma luz. Um rastro no corredor. Uma lamparina no casebre. A fresta na janela. Dois vaga-lumes no pasto. A sombra da lua sobre o mar. O contorno dos seus olhos. “A lágrima clara sobre a pela escura”. A esperança do farol da Barra, após o pôr do sol. Uma estrela na montanha. O raio e o trovão. O retorno de um coma induzido. O espectro da manhã. O caminho e a verdade. Uma alma iluminada. Amém.