segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Como vai o cinema brasileiro


Segundo resultado de pesquisa do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro, o público de cinema do Brasil não cresceu em 2008, ficando praticamente estagnado em relação ao número de espectadores em 2007. Cerca de 89 milhões de pessoas visitaram os cinemas tanto neste ano quanto no ano passado. Quando se fala em cinema nacional, a situação ainda é pior, já que o número de espectadores caiu. A pesquisa estima que a participação de mercado do filme nacional fique entre 9% e 10%. Houve um pequeno crescimento de 3,6% no número de salas. Em 2008, 119 foram abertas e 34 foram fechadas, totalizando 2300 em todo o país. A renda bruta também cresceu um pouco, 2,1%, somando R$ 723 milhões contra pouco mais de R$ 707 milhões em 2007. Os números finais, com os dados de todo o ano, serão divulgados na segunda semana de janeiro.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Debutante

Sócrates Santana

As duas meninas estavam felizes. De frente da penteadeira, as sardas, as mechas louras e os dentes brancos esboçavam o contentamento com os anos que chegam. No quarto dos fundos (a senzala moderna) a filha da empregada brinca com as bonecas da filha do patrão. O pai abraça a filha, que corre eufórica pelo corredor, enquanto a mãe sorrir emocionada e arruma a filhinha para o baile. A empregada faz o mesmo, ajeitando os laços lilases no encrespado cabelo da debutante de quintal. As duas descem juntas as escadas. A filha do patrão na frente e a amiga dos fundos atrás segurando o véu. Após o cessar da música, os convidados estão exaustos de dançar e beber. Alguns bebem até demais, como o patrão, que arranca o vestido da filha da empregada na marra. Enquanto a filhinha do patrão está aos soluços no quarto do namorado, a filha da empregada chora silenciosamente no quarto dos fundos. No hospital, o anestesista prepara as agulhas, enquanto a enfermeira massageia a barriga da paciente. Na emergência, uma jovem morre de hemorragia, sem direito a atendimento.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dilacerado

Sócrates G. P. B. Santana
Um gole a mais bastou. A boca do copo ainda estava borrada pelo batom vermelho. Os dois saíram aos beijos. Ela, loura, alta e lânguida. Ele, careca, barbudo, mas esguio. Entraram sôfregos pela porta de trás do táxi. Mãos por de baixo das pernas, vestido para cima. O chofer olhava pelo retrovisor. Sinal vermelho. O chofer não teve tempo de sentir nem o vulto do ônibus atravessar a pista. Desviou em tempo, mas não conteve os lábios carnudos da loura, que tremia ante o dilacerado pênis do amante entre os dentes.