Sócrates Santana
A cidade é quente e passageira na Avenida Paralela. Nela as pessoas são objetos, os carros sujeitos. Trocam de lugar quando um corpo está no chão e o capô sujo de sangue. Ao redor uma cortina de outdoors encobre a tragédia dos condomínios fechados. Sem pessoas nas janelas, a cidade não sorri. Não vê as encruzilhadas, os carros pretos e o poder que circunda os urubus. Não vê a carniça, a macumba e os cães que ladram mais não mordem. A cidade é passageira na Avenida Paralela. A vida é efêmera, a paisagem é uma vitrine e as pessoas, as pessoas, as pessoas...morrem e param o trânsito.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
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3 comentários:
talvez a cidade seja uma grande mentira inventada onde mentirosos auscultam uns aos outros para sustentarem tanta lassidão.
ismael
há omissão na cidade nua
ruas cheias, pessoas andam vazias.
em tempos modernos ñ há
liberdade nem segurança
nas rondas inocentes.
sente-se a solidão em vielas perdidas,e nas paralelas lassidão.
a metrópole está sem maquiagem pra quem ñ tem receio em ver.
é preciso iluminar o caminho, mudar o quadro.
sócrates, o seu belo olhar passageiro alertou pra frigidez da viagem.
bom passo...
"Personagem solitário
Andando saco a caneta
Do lado direito da minha jaqueta
Seguro-a
Enquanto penso na letra
Do papel branco manchado
do resvalar do pote da tinteiro
Escrever é,
nos pés da literatura,
encerrar com um conto outro ponto..."
ismael, e tu está só olhando sem anotar? ñ pode! estou sedenta pelos os seus escritos, aqui reivindico! saudades...
boa fonte...
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