Sócrates Santana
Os braços foram seguros por algemas que não lhe garantiam segurança. Quem prendeu minhas mãos, teria perguntado o menino, sem perceber que seria covardemente e de maneira inesperada, lançado numa masmorra, num calabouço, numa caverna escondida na selva, num cativeiro, num escuro labirinto de palavras, encurralado num beco sem saída, por uma fácil e perversa disposição dos dedos que teclam e criam esses Escritos sobre a Greve. Não entendeu a super estrutura que se erguia por de trás daquelas imagens que surgiam sem serem anunciadas. Com as pálpebras bem abertas, pensou ter visto uma imagem incomum ser projetada na parede, uma sombra sem singularidade, poucos contornos e difícil interpretação, que penetraria em sua cabeça como se fosse um vírus de computador, estilhaçado e sem rumo, ramificado e sem lugar certo, um hospedeiro, diria um sociólogo nazista. É bom salientar e apartar qualquer tipo de relação dessas imagens propostas com cenas roliodianas, pois essa nevoa sem identidade não entrou em sua mente como nos filmes, quando uma nuvem escura e gasosa avança sobre os olhos da vítima e assume o corpo e os sentidos dela. É semelhante, pois passaram a morar em conjunto, num único lugar, como um cortiço, sem portas, muitos corpos, gritos, roupas pelo corredor e vozes amontoadas, mas não é isto, é menos complicado. Era um delírio. Não aguentou e, finalmente, dormiu com o livro na mão e o envelope nas mãos do carteiro, que ainda iria entregar a correspondência.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário