Sócrates G. P. B. Santana
No salão verde, o cerimonial organizava a feijoada do governo. Ao longe, o ministro do estado maior assistia atarantado os socialites beliscarem petiscos exóticos, enquanto aguardava uma ligação auspiciosa. Do outro lado da linha um jornalista ouvia a denúncia e apontava para o editor como quem diz "parem as máquinas, tenho um furo". No gabinete ao lado, o deputado Fulano de Tal acabará de receber um comunicado oficial do congresso nacional, que fechara um acordo para torná-lo o novo ministro do estado maior. O decreto de posse havia sido encaminhado para o diário oficial, que publicou no dia anterior na primeira página a última mudança no escalão de cima do governo. Na sinaleira, o menino do jornal anunciava "Feijoada derrubou o governo: novo ministro tem infecção ministerial no dia da posse. Após almoçar com congressistas, deputado Fulano de Tal é escolhido para assumir o ministério do estado maior, mas, antecessor aciona Polícia Federal e entrega dossiê sobre atividades ilícitas ligadas ao jogo do bicho do sucessor". Segundo a reportagem, o delator teria dito antes de entregar o dossiê: "Se não fico, ele também não".
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
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