terça-feira, 4 de novembro de 2008

A palavra do dia 30 de outubro foi Boleto

Cristina



Era amor demais.

Era carinho, era bilhete,

era poesia,

era comida que eu gostava,

bebida que eu queria,

telefonema na hora certa,

palavra de cada momento.

Era beijinho daquele assim,

era tudo só pra mim.

Era sim.

Cheguei a pensar que Deus tava vendo,

que eu tinha feito coisa pra merecer,

com tão pouco que eu dava em troca...

E não é então,

pensei,

que isso existia?

Era não!

Um dia chegou o carteiro,

boleto, na mão.

Não entendi...

Telefonei.

Mandou nota fiscal.

Cobro tudo o que te dei!

Não acreditei!

Deixo meu nome sujo

Da policia eu até fujo

Mas pagar eu não paguei!

.................................................................



(cont.)



Mari



— Queria fazer um pedido...

— Fala!

— Posso pagar minhas dívidas com um boleto?

— Depende. Que dívidas?

— Essas mais cabeludas, de pisar na bola, ser injusto, magoar, não cuidar do outro...

— Hum... pode, não.

— Por quê?

— Porque se for assim, você vem aqui, quita e o máximo que sente é menos grana na conta.

— Mas já não tá bom?

— Não... não tá. Você acaba fazendo tudo de novo porque sabe que, depois, chega outro boleto.

E não aprende, não se esforça, não se preocupa nem se entristece por não ter ficado atento pra que essas coisas não aconteçam.

— Sei... entendi.... mas que seria mais fácil, seria.

— Fácil pra quem? Pra você ou pra quem você magoou?

— Ah....

— Melhor esquecer e ficar esperto. Porque essas contas sempre vêm. Elas vêm, sim, mas sem boleto.

— Então, vou indo, já que aqui não terá jeito.

— Boa sorte, amigo... Próximo!!!

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