sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O agora

Katherine Funke

Metrô, o navio negreiro, aporta na estação. Din-don, as portas abrem para o mundo. Sair. Escadas. Mais escadas. Uma gota de suor desliza pelo lado direito da testa, rumo ao pescoço. Relógios marcam meio-dia; o sol quente faz tremeluzir o brilho do asfalto. Edson caminha louco de fome e de sede até seu micro-esconderijo no oitavo andar. Sobe um perfume de pastel de carne no caminho do prédio - um, dois no saquinho plástico - almoço barato. Edson dá cinco reais, o vendedor devolve um e oferece um refri de brinde. Maravilha. Sorrisos, obrigado, eu que agradeço, até. Elevador chega. Chave na porta. Senta no sofá. Come os pastéis. Deita para um cochilo. Está feliz e pensa: "Sentir o agora - e só". E cochila até as duas.

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