terça-feira, 18 de setembro de 2007

Submarino

Ismael Teixeira

Sou um talho. Um corte. Sangro toda vez que me toco. A mão desafia a morte. O cano de vento frio contra os olhos. Hoje qualquer palavra mata. Basta. Os versos são ventanias. Mas ainda marcham esperanças em veleiros. A terra o mar e a seis maria. Marcham também sorrisos. Lanternas no escuro. Rutilam. Palmilho ruas de eletro-choques. Na cidade de páginas cansadas. Folhas mortas. Escrevo nesse caminho. Em cima dos livros desertos. Ando escrevo caminho. Como se falasse um só verbo. Hoje qualquer palavra mata. Basta. Mas a poesia continua acordada. O inverno é quando o tempo fala. Com a força de suas guelras. A chuva mantém acordados. Eu. Os livros. E o poeta. Todos os peixes. Todos os filhos dessa terra. De líquido bilioso. Assim Mensagens são mandadas em coágulos aquáticos. Transfusão frenética. Somos talhos. Cortes. Porque poesia é guerra. Inverno quente. De suar sangue. Guerra. Embalados pelo tempo nadamos por entre artérias.

Um comentário:

Ramon de Alencar disse...

...
-Palavras fortes, como um cheiro cinza!