quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O tempo das idéias

Soul Sócrates
O que há não se sabe até quando surgiu sem pedir licença e desapareceu no final da esquina remota das coisas que um dia vão deixar de existir plenamente. Distraído, um homem vazio olhou o descompasso daquelas coisas que não foram vistas e imaginou em que pé estaria o mundo se elas ainda estivessem entre nós, dentro de nossas cabeças. Tentou captar os resquícios desta tentativa frustrada, mas bela, de mudar o mundo com um devaneio. Um suspiro de imaginação travestida de razão, que por intermédio de conceitos e noções sobre a realidade, inventou um universo inteiro de coisas que não existem. Se foram, mas talvez voltem e o carteiro avise. Quem sabe virá numa carta levada por um caixeiro viajante. Hoje, todos acreditam que virá via e-mail. Que venha através de um pen drive, mas venha. Apareça.

4 comentários:

Raiça Bomfim disse...

Qualquer luta carece de esperança. E num mundo que dá voltas numa mesma órbita, a esperança, sim, depende do sonho, do impulso ingênuo, porém sincero, da imaginação... A luta começa nos olhares atentos a essas coisas que passam silenciosas por nós , na velocidade de um suspiro e que precisam permanecer um instante mais- antes que o cansaço inunde tudo- naquilo que inventamos: imaginação travestida de razão, esperança, poesia. Belas palavras, nêgo.

Anônimo disse...

acho que uma bela poesia é a digna frase: "vá tomar no cú". muito triste o seu sentido perverso criado.. pq todos têm cú.. e todos inconscientemente sabem o quão o mundo poderia ser melhor dessa forma. E dita aqui, ou em qualquer outro lugar, simplesmente se banalisa porque o banal é a matéria pelo qual o homem se priva de pensar por querer a ignorância. Portanto, vejo que novas idéias nesse tempo serão apenas velhas idéias pois, de fato, chegamos no momento em que entendemos que não existem novas ou velhas idéias, mas sim formas incalculáveis de usá-las. Mas volto novamente a me referir da burrisse humana e de como eu brinco com a sua cegueira colocando pontos onde só existem vírgulas. Enfim, concebo uma nova idéia: a morte do discurso pela incapacidade, hoje, do símbolo constituir matéria viável para a vida.

isma.

Anônimo disse...

Como sabem, acredito que não só criamos, inventamos e inovamos, como também somos dotados pela inquestionável vontade de existir além dos continentes. Tenho esperança, sim. Tenho esperança e espero. Não estou de braços atados, procuro seguir os conselhos de meu pai (Bira): sempre esteja preparado, sempre abra as torneiras, o máximo que puder. Ainda que não jorre água. Esteja lá. Com a boca na boca da torneira. Espera, mas esteja lá.
Não é de hoje que falo da necessidade de pararmos as máquinas. É preciso rever o tempo. Rever para voltar a viver o tempo. Ele passou e restou o espaço de tempo que ainda resta nele. Por volta de 2003, tive uma longa conversa com o filósofo baiano André Stangl (nosso professor). Disse que o problema não era a repetição, tão pouco a desesperança de não existir novas idéias e paradigmas. Elas e eles sempre hão de existir. O problema é que diante desta quantidade exacerbada e desesperada de informações em circulação, não percebemos as mudanças, as rupturas. Mas elas estão por ai. Estão em rotação. Acredito, tenho esperança que estejam logo após a esquina. Faltam aparecer. Mas para tal precisam de visibilidade.
Uma boa sugestão: Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago.

Anônimo disse...

Amei essa história. Ela acabou? Espero que não. E esse tal de Ismael, quem é?
Gostaria de conhecê-lo também. Coloquei no meu orkut esse site como o meu favorito...beijos
Cris