segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Escritos sobre a greve - 7º PARTE

Soul Sócrates

Um clique da escrivã. Um mundo desconfigurado emergia pouco a pouco das margens nubladas da tela do computador, readquirido pelo partido maior, após uma desastrosa direção partidária exercida pela longíqua corrente majoritária da legenda. Na medida que os códigos binários combinavam entre si qual seria o próximo passo matemático que iria estabelecer os laços entre a pergunta feita pela escrivã através do clique do mouse e a imagem que iria preencher a tela do monitor, o menino contorcia o braço
à procura de uma mensagem que lhe retirasse das costas a responsabilidade de pronunciar em voz alta a palavra inaudita. Mas, estava escrito: Greve, greve, greve, greve, greve. Assim terminou o nonagésimo simpósio do partido maior cor de esperança, que após um grito solitário do único militante presente ao evento, decidiu via e-mail realizar a maior greve da história das greves que haviam sido
esquecidas pela classe. O resultado foi tão inesperado e as mensagens circularam com tanta velocidade pela grande rede, que coube aos dirigentes maiores acatarem a decisão, mesmo que a maioria deles sequer soubesse mais como se faz uma greve. Enquanto todos procuravam nos livros e nos arquivos históricos do partido maior quais seriam os próximos passos, o menino de braço enrijecido seguia pelas ruas da cidade vermelha contarolando uma velha canção de ninar sussurrada por seu avô quando ele ainda era apenas um bebê. "Grave, grave, escute as grades, todas as classes marcham em torno da grade. Grave, grave, arrebente as grades, por trás de um menino
marcham as classes". E assim cantou até o final da rua das flores que não morrem.

Escritos sobre a greve - 1º PARTE
Escritos sobre a greve 0 2º PARTE
Escritos sobre a greve - 3º PARTE
Escritos sobre a greve - 4º PARTE
Escritos sobre a greve - 5º PARTE
Escritos sobre a greve - 6º PARTE

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