terça-feira, 4 de novembro de 2008

Meus meios-domingos

Mayrant Gallo
Fui filho de um pai com duas famílias.
Raros eram os domingos em que meu pai não viajava, no começo da tarde, para ver sua outra mulher e sua filha, minha meia-irmã Indaiá que só vim a conhecer já adulto.
Por isso as partidas me fazem mal. Um trem se afastando na tarde ou um ônibus sumindo na curva, um navio ao longe ou um avião alçando vôo me trazem água aos olhos...
Por isso também os domingos me são tristes depois do meio-dia. Ainda que seja o meu dia preferido. Ou mesmo por isso: a emoção que senti insiste em ser repetida ou tão-somente relembrada − e isso dói.
É quase certo que ninguém jamais escapa do que foi. E eu fui um menino sem pai por muitos meios-domingos...

2 comentários:

Mayrant Gallo disse...

Obrigado por republicar-me aqui, e também pelo link. Abraço, M.

Tita disse...

Olá,
Adorei ver meu poema publicado aqui! E o seu blog está gostoso de ler. Visite o meu também aonde escrevo, além do fim-do-dia e seja bem vindo tanto no fim-do-dia como no outro.
Um abraço!
Cristina