sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A primeira cena

Soul Sócrates

As lágrimas caiam. Olhava pra mim. A cabeça baixa. Parecia distante. Mas olhava pra mim. Aguardei um movimento. Esperava. Tentei suportar. Consegui. Ele também insistiu. E olhava. Uma eternidade. Sem diálogo. Permaneceu sentado e olhava. E aos poucos percebia. Ele mostrava sua alma. E o que era angústia virou sintonia. Ele ali sentado. Não estava parado. Parecia. Mas não estava. Ele olhava. Trazia as pessoas para dentro de si. Um convite para um vasto mundo. E o quadrado revelava palavras e pedras. Eram caminhos. O quadrado ultrapassava o limite da imagem. Era a intimidade. Os traços dele viraram signos. Uma revolução interior. Ele atraia o quadrado e o que era abismo. O olhar transbordou. A primeira cena.

Um comentário:

Anônimo disse...

clap.. clap..clap... exatamente sol... o silêncio que fala é a memória. o olhar que ele vê sem falar e que todos podem também ver. completamente eseinstein, a edição minha predileta. associação de signos, metáforas... trazer para o espectador a imagem construida e a nao construida. o subjetivismo enriquece qualquer obra e a metáfora e a metonímia são mães dele. penso muito em planos longos, silenciosos, contrastes entre planos fechados e abertos, cortes bruscos... (ações, pausas, longas respirações, reflexivas e cenas abruptas e improvisadas).. claro comparações... terra - pele. olhos recortes de jornal, fotos antigas, lampião, conselheiro. terra vazia -cidade ou alguém trabalhando. terra vazia - criança brincando no assentamento ou acampamento. enfim... estamos no caminho certo.

isma.