segunda-feira, 24 de março de 2008

Praça da Piedade

Sócrates Santana

A cidade é mais real e viva na Praça da Piedade. Os jornais estão abertos nas páginas de emprego, os mendigos estão sobre as calçadas e o camelos correm do rapa. A igreja está cheia e o pedinte sem moedas, o sinal vermelho e os carros em movimento. A trabalhadora sobe a Lapa abafada, olha para o relógio e imagina que o patrão vai chiar. Enquanto caminha e tropeça na preocupação, não vê o moleque que cheira cola atrás da banca de revista, tão pouco a mãe que usa a filha como isca para os gringos. O velhinho de bengala se esquiva do motoboy apressado que dobra a esquina e placas usam pessoas para vender e comprar ouro. Ali a universidade não é universal, mas cercada pela economia dos ricos e pelo ibope das emissoras de tevê.

Um comentário:

Lu disse...

Me senti atravessando a piedade como faço diariamente...certeiro, preciso!

saludos!