Soul Sócrates
Refeito das dores no braço pós-engessamento e do estado de perplexidade provocado pelas incomodas assinaturas contidas no livro vermelho, o menino ainda escondia a esperança de encontrar uma explicação para tantos episódios e decisões tomadas sem aviso prévio ou qualquer ordem de despacho. Vagou pelas calçadas e passou pelas sinaleiras sem prestar atenção nos ultraaparelhos de tevê expostos nos bares, todos programados para disponibilizar o mais variado número de canais, mas que, no entanto, estavam sintonizados apenas em um, que apresentava justamente os letreiros e os jingles criados para a realização do nonagésimo Simpósio do partido maior. Foi quando tropeçou num devaneio, e deixou de ouvir um ancião barbudo esbravejar anedotas bíblicas, desfazendo dos avanços tecnológicos e das infinitas possibilidades dispostas pela contemporaneidade, assim como das vidraças arrebentadas por outros meninos como ele, que lançavam sobre as janelas das igrejas católicas e evangélicas os velhos coquetéis molotoves e pedregulhos arrancados das próprias vias da avenida jornalista beltrano sobrinho e terceiro. Até que parou rarefeito sobre um folder colado na calçada que fora corroído e deteriorado pelas freqüentes mudanças climáticas comuns aqueles tempos, esfregou os olhos e se inclinou para vê o que estava escrito. Leu uma mensagem que apresentava interrogaçõs muito semelhantes as que havia feito durante a última Assembléia Geral, e que formulava muitas reflexões e prováveis respostas, algo que não poderia encontrar nos discos e nem nos livros e dados guardados em seu pequeno pen drive. Era assustador.
Escritos sobre a Greve - 1º PARTE
Escritos sobre a Greve - 2º PARTE
quinta-feira, 19 de julho de 2007
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Um comentário:
Impressionante. Seria um folhetim on-line? É isso autor? Não responda. Apenas continue. Estou numa lan-house e falta um minuto para escrever esse comentário. Deixou um leitor com sede. E ele escreve como se escrevia antigamente para os escritores e hoje para as novelas. Não mate nosso herói!!!
isma.
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